O maior dilema da vida de qualquer pessoa ocorre numa noite de calor primaveril. Ondas de mosquitos, suficientes para abater toda a frota aérea de combate do Uganda (composta por dois balões circenses de hidrogénio e um avião de papel feito por um traficante de coelhos da páscoa) irrompem pelo quarto adentro usando os seus poderes de bater com os chavelhos no vidro até encontrar a fresta, procedendo à mesma técnica com a persiana. E quando no habitáculo do pobre e incauto matarro rapidamente procedem a devorar as entranhas do coitado. É aqui que a sua vida se vê pelo que realmente foi. Um quarteto de violinos no fundo com uma música triste e fotografias dos seus momentos mais felizes. O que fazer? Pôr a cabeça de fora exige nervos de aço para resistir aos voos baixos destes emissários do diabo. Mantê-la debaixo dos cobertores provoca uma transpiração descontrolada, o homem arrepende-se de ainda não ter mudado para roupa de verão. Decidir fazê-lo agora também não parece uma boa opção já que isso implicará ser picado pelo menos uma vez, com todas as ramificações previstas por um encontro com a criatura mais feroz do mundo animal, nomeadamente uma baba (nome que não percebo porque as minhas nunca babaram).
A resposta ao problema é bastante óbvia: não é praticável contratar o Sr. Miyagi para os apanhar a todos com pausinhos chineses, não pelo seu custo à hora mas porque depois obriga-nos a encerar-lhe o carro, pintar a vedação e ainda lutar com um panasca qualquer com conflitos parentais. Do mesmo modo fechar a janela está fora de questão, primeiro porque já é tarde demais, segundo porque se não fosse este texto era inútil e tal não pode acontecer! A única solução plausível e inteiramente razoável é a construção de um sistema de ventilação intra-lençóis embutido no prédio e colocação de uma rede de mosquitos gigante em volta do mesmo. Também será boa ideia colocar posters dos tokyo hotel em volta dos recintos, confundindo os mosquitos e fazendo-os crer que já passaram por lá abutres que desfiguraram as criaturas.
Segundo o instituto de estatística do Botswana, empresa pai do Alisuper, 9 em cada 10 mortes em Portugal são atribuíveis a mosquitos (segundo a teoria do efeito borboleta, considerando os mosquitos mutantes japoneses). Não se podem permitir mais mortes injustificadas quando a tecnologia existe para salvar milhões de vidas.
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