Sou um pobre coitado sem perspectiva. Há vários anos que tento, sem qualquer sucesso, entender quais são os objectivos e metodologia da greve. Possivelmente é algo que vou “entender quando começar a trabalhar”, como dizem todas as pessoas que são abençoadas com um conhecimento do mundo maior que o meu.
Isso não me impede de tentar averiguar essa lacuna no meu conhecimento.
Retratando o que aconteceu esta quinta-feira com a última greve geral e começando com um pequeno modelo, as filmagens de Oeiras em que um pequeno grupo, não maior do que 30 pessoas, tentou impedir que os camiões do lixo não saiam para fazer o seu trabalho. Peço perdão, em linguagem revolucionária é “persuadir os colegas a aderir à greve”. Neste caso não conseguiram, estava presente um cordão policial, desculpem, de fascistas, que impediu o acesso do corpo de greve ao portão por onde os ditos camiões passaram. E como sei eu que eram fascistas? Porque um camarada me elucidou repetindo aos ouvidos da PSP com uma cadência tão boa que só podia ser instrutor de música ou grevista a tempo inteiro.
Outra situação caricata foi a deposição de duas almas na linha de comboio no Rossio para impedir a circulação do comboio. Faz sentido, provavelmente queriam persuadir o seu colega comboio a ficar na estação ou, melhor ainda, ir com eles à praça do Rossio dar cabo da esplanada do Pessoa (que com todo o tumulto não admira que não tenha conseguido escrever nada há tanto tempo). Quanto ao maquinista, imagino que estivesse a realizar os serviços mínimos mas este tem uma cabina com porta, não precisa que o comboio lhe conte da greve.
Por falar na esplanada, acho lamentável que a polícia tenha dado cabo dela e atirado ovos às pessoas que tentavam trabalhar/levantar dinheiro. Esses fascistas têm que ser postos no lugar e eu sugiro que se proíba a venda de ovos a todas as famílias que têm membros da polícia. E deixo o meu mais sincero pesar à senhora jornalista que foi agredida, espero que a cirurgia à cabeça corra bem e que desenvolva a capacidade de perceber que meter-se a 2 metros da polícia entre esta e os manifestantes é pedir para ficar com pelo menos uma objectiva rachada.
E no que deu isto tudo? Não sei bem. Ouvi dizer pela CGTP que foi mais uma vitória mas não mostraram a taça. Acredito que tenha sido uma taça muito bonita porque a populaça da greve andava toda contente na sexta-feira. Parece que também muito mudou na política, os deputados devem todos ter chegado atrasados ao jantar por causa do trânsito da IC19.
Volto então à estaca zero, absolutamente nada mudou. Mas eu não sou ninguém para falar, como não vou à greve tentar mudar o mundo pelo poder da minha laringe no meio da multidão então não me posso queixar.
Remeto-me novamente ao silêncio e hiberno até à próxima manifestação de acefalia pública.
Nota: acredito no entanto que o passeio no Rossio tenha sido agradável para quem ia mais atrás (principalmente aquele senhor que levou o pai reformado e os dois filhos em cadeirinha de bebé – doutrinação juvenil) e como estudante da área da saúde recomendo andar pelo menos 30 minutos por dia.
Isso não me impede de tentar averiguar essa lacuna no meu conhecimento.
Retratando o que aconteceu esta quinta-feira com a última greve geral e começando com um pequeno modelo, as filmagens de Oeiras em que um pequeno grupo, não maior do que 30 pessoas, tentou impedir que os camiões do lixo não saiam para fazer o seu trabalho. Peço perdão, em linguagem revolucionária é “persuadir os colegas a aderir à greve”. Neste caso não conseguiram, estava presente um cordão policial, desculpem, de fascistas, que impediu o acesso do corpo de greve ao portão por onde os ditos camiões passaram. E como sei eu que eram fascistas? Porque um camarada me elucidou repetindo aos ouvidos da PSP com uma cadência tão boa que só podia ser instrutor de música ou grevista a tempo inteiro.
Outra situação caricata foi a deposição de duas almas na linha de comboio no Rossio para impedir a circulação do comboio. Faz sentido, provavelmente queriam persuadir o seu colega comboio a ficar na estação ou, melhor ainda, ir com eles à praça do Rossio dar cabo da esplanada do Pessoa (que com todo o tumulto não admira que não tenha conseguido escrever nada há tanto tempo). Quanto ao maquinista, imagino que estivesse a realizar os serviços mínimos mas este tem uma cabina com porta, não precisa que o comboio lhe conte da greve.
Por falar na esplanada, acho lamentável que a polícia tenha dado cabo dela e atirado ovos às pessoas que tentavam trabalhar/levantar dinheiro. Esses fascistas têm que ser postos no lugar e eu sugiro que se proíba a venda de ovos a todas as famílias que têm membros da polícia. E deixo o meu mais sincero pesar à senhora jornalista que foi agredida, espero que a cirurgia à cabeça corra bem e que desenvolva a capacidade de perceber que meter-se a 2 metros da polícia entre esta e os manifestantes é pedir para ficar com pelo menos uma objectiva rachada.
E no que deu isto tudo? Não sei bem. Ouvi dizer pela CGTP que foi mais uma vitória mas não mostraram a taça. Acredito que tenha sido uma taça muito bonita porque a populaça da greve andava toda contente na sexta-feira. Parece que também muito mudou na política, os deputados devem todos ter chegado atrasados ao jantar por causa do trânsito da IC19.
Volto então à estaca zero, absolutamente nada mudou. Mas eu não sou ninguém para falar, como não vou à greve tentar mudar o mundo pelo poder da minha laringe no meio da multidão então não me posso queixar.
Remeto-me novamente ao silêncio e hiberno até à próxima manifestação de acefalia pública.
Nota: acredito no entanto que o passeio no Rossio tenha sido agradável para quem ia mais atrás (principalmente aquele senhor que levou o pai reformado e os dois filhos em cadeirinha de bebé – doutrinação juvenil) e como estudante da área da saúde recomendo andar pelo menos 30 minutos por dia.