terça-feira, agosto 19, 2008

À entidade responsável pelos jogos olímpicos

Caros senhores(as),

Sinto-me profundamente desiludido pelo vosso empenho em atribuir medalhas a Portugal nestes jogos Olímpicos de 2008. Até ao presente dia apenas recebemos uma medalha de prata, muito aquém do que nos havia sido prometido nos spots publicitários que têm cursado infinitamente nas televisões generalistas.
Como é que há direito um homem que nem sequer sabe falar português, chapinha umas quantas vezes na água e leva 8 medalhas? E os nossos direitos? Nós, que nos andámos a esforçar tanto, na labuta dias inteiros e a esperançar pelos nossos atletas e depois não nos atribuem as tão merecidas medalhas? Sabem ao que chamo quando é um só galifão que arrebanha tudo? Fascismo! Algo que não esperava vindo da China! Vocês são uns vira-casacas e vou dizer ao Che Guevara! Como é possível? As medalhas deviam ser distribuídas uniformemente por todos os que trabalharam! E nós que trabalhámos tanto, depois só levamos uma e nem é de ouro!

Mais ainda! A gente deixa os chineses abrirem milhentas lojas cá na nossa terra, já a mercearia do Sr. Bernardino fechou e ele só vendia ao triplo do preço! E como é que nos pagam? Levam a riqueza do nosso país e depois medalhas!? Viste-las! E os restaurantes chineses? Eu sei bem o que fazem aos velhinhos! E a gente continua a comer a avó Ming, caladinhos, não dizemos nada à ASAE e depois quando é para vocês retribuírem, é o que se vê!

Já para não falar nas medalhas todas que andam a levar para vocês próprios! Que foi? Não gostam de partilhar? Se eu soubesse que ia ser assim, a gente nem tinha posto aí os pés. Egoístas pá! Deixem os outros ganhar medalhas também! Mas nãããão! Organizam os jogos e depois ganham quase tudo! E deve ser quase tudo porque têm peninha de nós! Não queremos as vossas medalhas de consolação, julgam que eu não sei porque andam sempre de olhos fechados? São uns desconfiados, é o que são! E depois nem o fogo de artifício até ao estádio fizeram, foi tudo por computador! Digo que fiquei muito decepcionado.

Termino com o seguinte ultimato: ou nos dão medalhas de ouro ou entramos em greve geral! E depois quero ver o que fazem sem nós!


Atentamente,


Associação recreativa dos reformados de Covões de Baixo

Norte vs. Sul

Uma disputa de muitos anos. Primeiramente o Sul era a porta dos mouros, daqueles que trouxeram o alguidar e a laranja. O norte era o reduto português, onde valorosamente a nobreza mantinha a bandeira de Portugal.

Hoje em dia a querela é outra. Destino de férias? História contra quilómetros de praia. Calor insuportável do interior contra ares do mediterrâneo. Para onde é que eu prefiro ir, adivinhem... mas existe gente que prefere o interior, normalmente por razões específicas. Eu cá dou-me melhor com praia.

Neste momento escrevo a crónica em questão do 15º andar do hotel Guadiana, em Monte Gordo. Consigo ver o mar daqui e não tenho alguém a questionar-me de 5 em 5 minutos o que quero almoçar amanhã... ao contrário de Chaves.

Mas Chaves tem a sua beleza:

Património histórico português, onde centenas de bastardos deram à luz, Chaves localiza-se a curta distância do fim do mundo, juntamente com Bragança, Miranda e outras terras que só se ouvem falar em documentários feitos em 87 da RTP2 e por pessoas que falam de um modo estranho.
Chaves é berço de infinita beleza histórica, com o seu forte, transformado num hotel, as muralhas e a torre que ergue no seu topo a bandeira portuguesa. Relatos indicam que esta foi adquirida num chinês ao pé da rua de Sto. António após a anterior ter sido utilizada como toalha no culminar das relações entre o guarda nocturno da torre e a irmã do sr. Engenheiro. A única prova de tal afirmação é o formato das torres da bandeira característico do filme do Aladino.
Mas o melhor da terra flaviense é sem dúvida o aglomerado populacional. Constituído por 1500 cidadãos efectivos e 77529 residentes em França, Chaves conserva o espírito e aroma da aldeia, sendo no entanto totalmente adaptada à vida moderna.
Os residentes efectivos acolhem qualquer indivíduo, desde que seja português, branco, recenseado, associado a um partido e clube de futebol e não goste de espanhóis.
Os residentes da época balnear, voltando às suas origens, distinguem-se por um dialecto que cruza o português e o francês, não adoptando porém qualquer das duas línguas correctamente. São agrupados frequentemente em famílias, o pai, a mãe e a prole numerosa. O pai afirma-se pelo fígado pronunciado no abdómen e a mesma camisa que usou quando emigrou para França com pelo menos 4 botões desapertados. A mãe é diferenciada por uma tentativa fútil de seguir as tendências da moda. A prole denota-se por um total desconhecimento das premissas sociais e código moral, gosto exuberado por hip-hop francês, evidenciando graves danos cerebrais e auditivos e vestes similares sobretudo em fibras sintéticas.
Chaves aposta no ambiente. Os seus outrora numerosos jardins estão agora cobertos por vastos campos de betão e cimento, evitando assim os gastos de água com vegetação.
Mas Chaves também é sinónimo de tecnologia e inovação! Grandes marcas do desenvolvimento são as lojas “multimédia” como a “Mundo da Música Megastore” com uns amplos 10 metros quadrados repletos de Cds, encontrados hoje apenas nas prateleiras das lojas nas áreas de serviço menos frequentadas. Com uma grande panóplia de lojas de informática, quase dá a impressão que alguém ali percebe daquilo.
Finalmente, Chaves é terra de saúde, lar das famosas termas flavienses. Não há melhor remédio para qualquer mal como água meio a ferver cheia de minerais arrastados do solo. Mas não digam nada à ASAE que se vêem os “avecs” e os “vacanses” a lavar os pés onde os velhinhos enchem os garrafões, levam aquilo tudo pela frente!

Concluindo, qualquer viajante que siga à descoberta por territórios nortenhos portugueses deve sem dúvida fazer um pequeno desvio e visitar Chaves, património, cultura, ambiente, tecnologia, saúde. Chaves: je t'aime trop.

terça-feira, agosto 05, 2008

The detour

As I sat and wondered...
all the wreckage I summoned
into such a tiny little space
how it's wrinkled my face
how my smile is twisted
with cry and despair

Oh the despair
Such disparity
between a smiley face, a farce
and a grieving heart

So as I sat and wondered
What I could do to undo what I've done
I wrote how I felt
and after all the emotion had spilled
the problem had still to be dealt


5 de Agosto, os problemas não se resolvem ao pensar nas suas consequências.