Eu lembro-me de não ser tão psicopata... os bons velhos tempos antes do anúncio da TMN "Kita o teu telemóvel". É daquelas opções que não se tomam, são tomadas por um nível superior, nomeadamente os media.
Escolhi este título hoje porque passei meia hora no comboio a ouvir a banda sonora do Dexter (Dexter o analista de sangue que "faz um mundo melhor", não o Dexter que montou um laboratório enorme atrás do armário e tem uma irmã com o QI da ministra de Educação), saí do comboio e comecei a ver cartazes da "Europa contra a pena de morte" (o euro começa a valer mais que o dólar e desperta logo o paternalismo infundamentado das potências)... e claro, fiz uma viagem de comboio, metro e a pé num "mundinho" que pode apenas ser classificado como "extremamente civilizado" quando comparado com o meu quarto à sexta-feira.
Felizmente não tenho impulsos homicidas (voltando a realçar a excepção de quando passam os anúncios da TMN) mas a um certo grau compreendo-os. Todos nós (ou seja, todos os que sentem o caos nas situações banais a que nos acostumámos) queremos melhorar o mundo. Aqueles que já saíram da escola primária onde o puto "fortezinho" (porque a mãe não deixa chamar-lhe gordo) lhes tirou o Gi-I-Joe/Barbie e saiu impune porque ninguém fez nada já entenderam que a tarefa é mais complicada que programar o VHS para gravar a telenovela, o que já por si é muito complicado (diz a minha avó, eu já não uso VHS nem vejo telenovelas).
Ora o assassino bom (não vou falar do serial killer aleatório, esse não serve propósito excepto para causar mais caos) encontra no gume da navalha a solução, a justiça que o sistema burocrático não faz singrar. Talvez também a satisfação de um fetiche, o impulso de cortar (de que eu sou portador também, juntamente com muitos cirurgiões).
É necessário, obviamente, seguir algumas regras, uma ética de trabalho, para obter resultados satisfatórios. Certeza e preparação. Esta separa o "assassino bom" ligeiramente da bestialidade, sem organização ele é um animal.
É mesmo pena que eu acredite que a existência deste tipo de gente pudesse ser benéfica à sociedade. Isto significa que ela me falhou, que não tenho a mínima crença no sistema. Se o assassino for apanhado pela polícia cada vez mais desprovida de meios, ainda tem inúmeras hipóteses de se salvar da sua responsabilidade, desde falhas técnicas na investigação a juristas incompetentes, passando por atrasos burocráticos.
E é com este sistema judicial que persegue o criminoso numa cadeira de rodas ferrugenta que singram homicidas como o homem que inventou o "kita o teu telemóvel" e matou a criança que havia em mim...
Dexter, Kira, venham para Portugal, podem dormir em minha casa!
Para bibliografia posterior recomendo
Death Note, anime japonesa extremamente profunda (vá lá, tentem recordar o sentido desta palavra antes de ter sido conspurcado pela geração basofe)
Dexter, a série acima mencionada, da Showtime for those who live in America, para aqueles que não vivem no país da liberdade (LOL) encomendem o DVD no Amazon ou arranjem-se como quiserem.
Sociedade, o show de vida real em que tu participas num mundo que dá vomitos e te ajuda a gostar dos dois acima.
Agradeço do fundo do coração às mentes que ainda cá põem os pés. O blog não fechou, eu tenho tido preguiça de transcrever os textos do papel para o PC. São aqueles que atentam no mundo que o poderão mudar amanhã, não os que apenas olham ou fingem olhar.
Beijinhos ao Nero, não sujes a cozinha quando beberes água da gamela.
2 comentários:
Muito bom Joao Rodrigo !
Era ter jeito pa escrever e ate me fazia passar por uma rapariguinha de menos de 18 anos para poder participar como tua partner, yo. LOL
é bom saber que há assassinos bons no mundo com ética de trabalho e tudo! Agora, sim, posso dormir descansada, sabendo que se me cortarem às postas, há algum profissionalismo... Epah, realmente, ainda há esperanças para os serial killers e psicopatas em Portugal...
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