terça-feira, fevereiro 20, 2007

Padrõezinhos upa upa!

Hoje saí de casa. Fui ter com uma amiga, como quem diz, mal nos conheciamos. Falei com ela um par de vezes ao telefone, outro par no messenger, melhor amiga de uma das minhas ex. Talvez valesse a pena mencionar neste momento que ela vive na Bélgica, só está cá a passar uns dias, volta amanhã.

Preparo-me para a batalha com o meu arsenal preferido: casaquinho de cabedal, calças pretas, camisola branca, espuma no cabelo, anel metálico no dedo e o belo do meu perfume preferido (momento este em que a minha reduzida audiência contesta a masculinidade do autor do texto); afinal de contas há que impressionar a rapariga. Lá vai o cavaleiro da noite, saído de dia na boleia do paizinho, de fronte para o desconhecido!

...ora quem sairia dali impressionado seria eu!


Chegado à cena do crime, aparthotel na região para mim mais bela dos arredores capitais, deparo-me com um ponto negro no horizonte - preciso de mudar as lentes - acenando timidamente. "Jingando" vai o senhor, talvez porque o casaco é muito pesado e ainda tenho os músculos aflitos das compras de segunda. Teci neste momento a minha primeira impressão dela, aquela que todos os homens dotados com uma visão razoável tecem aquando o primeiro encontro com uma rapariga: febra. Não há como dar a volta aos instintos masculinos... enfim... cumprimentos, trocamos umas palavras amigáveis, cumprimento a mãe dela (rofl para dentro), sentamo-nos no bar, altura em que percebo que será este o poiso do encontro, começa a conversa entre pequenos "sipps" de coca-cola.

Estava aterrado a principio. "Que falarei? Como é que devo reagir? O que fazer?" O instinto leva sempre a melhor e lá se soltam as primeiras palavras em inglês, frases habituais do "como é a Bélgica, e a vida, e o tempo em Portugal". Que voltas a conversa deu, não sei, sei aonde foi parar. Discutimos actualidade, aborto, eutanásia, países estrangeiros, linguas, comida, momentos felizes e momentos deprimentes. O tempo voou enquanto a minha boca descaía de tanto interesse que nutria pela doce e interessante criatura que me acariciava a retina.

Acabei por lhe dizer o que ela deveria ouvir por direito adquirido: "I wish there were more people like you in Portugal". E assim saí de tão saudoso campo de batalha, deambulando pela rua, a pensar na influência deste encontro na minha vida.


Não sei se é só comigo mas depois de certas relações vem um sentimento de solidão extremo. De tal modo que, sem dar por isso, as nossas expectativas da próxima namorada decrescem. Hoje senti isso na pele. E os padrões subiram como o buraco do orçamento nas mãos do Guterres! A rapariga vinda da Bélgica voltará para lá, levando a minha gratidão e amizade consigo. Comigo ficaram decisões, uma decisão de compromisso comigo próprio e com a única rapariga que ainda tem uma chance de roubar o meu coração. Só com ela poderá haver o "click", se não for com ela então não é com nenhuma conhecida. Mas como não me devoto a conhecidos, devoto-me a livros e a permanecer num estado arrefecido para que na naturalidade de uma conversa amena se possa ouvir aquela "reacção quimica". Espero sinceramente que sejas tu, tu que me despertaste a atenção quando te conheci, musa das minhas emoções.


Quanto ao belo tema do "click", acredito cada vez mais neste. Não é um clique momentâneo, não é a definição idiota do amor à primeira vista. É um sentimento que engloba as qualidades que procuramos e os defeitos que poderemos tolerar. E quanto mais tempo demora esse sentimento a surgir, maior a probabilidade de ele estar coberto de dúvida e engano.


...se calhar estou errado, ao menos pensei no assunto!



Aproveito desde já o radar para dar voz às crianças velhas o suficiente para ter carro e novas o suficiente para andar a atirar ovos e balões de água da janela do pendura: falharam todos o alvo mas experimentem para a próxima, talvez vos traga felicidade. Imaturidade aos 18 anos já não tem desculpa da idade e se eu não estivesse a pensar na morte da bezerra, teriam recebido a troca dos balões e ovos com pedras da calçada pelo vidro de trás... ah, a calçada portuguesa... oh Ivaristo, faz lá mais disto...

1 comentário:

Anónimo disse...

n sei pk, mas essa da retina acariciada parece-m assim um tanto infeliz.