Decerto que todo o português devidamente vivenciado conhece as várias facções padronizadas nacionais, como posto por uma amiga, "like they are all from a single conscience". Surfistas, geeks elitistas, hippies, góticos, satânicos, vamps, prostitutas sociais, rebeldes acefalos.
Quando não há escolha racional então constantemente se perde mais alguém para um dos grupos padronizados acima indicados. Mas aqueles, como eu, que escolhem marginalizar-se de todos os grupos? Pertenceremos ao grupo dos que não pertencem a nenhum grupo anterior?
Sim.
Apenas porque há muitas pessoas, haverá sempre um modo de as agrupar por características semelhantes. O que interessa é o que está inerente a determinado grupo. A título de exemplo, não é estar no grupo da xungaria que nos faz maus, é a razão pela qual aí fomos agrupados: comportamento desviante, ego do tamanho do mundo, propensão para a agressividade, escolha forçada da decisão errada. O meu grupo é o grupo dos que discutem os grupos, aliás, sou especialmente feliz por pertencer à massa que realmente tenta fazer algo pelo mundo. Por cada surfista, xunga, pita converido haverão outros mil a entrar no grupo. Mas é uma vida mais perto de salvar a sua alma. É uma profissão cansativa a de tentar mudar o mundo pessoa a pessoa. Também é a medicina, curar mil doentes quando três mil novos surgiram. A batalha da saúde é uma batalha perdida já que a morte é iminente e impossivel de evitar. O consolo necessário a esta viagem na tentativa já frustrada de salvar o mundo retira-se da alegria de ajudar o próximo. Podem morrer mil e eu salvar um, já salvei uma vida. E o valor de uma vida é imensurável. 999 mortes são do mesmo modo um preço altíssimo. Não obstante, sempre que der tudo de mim em busca de promover um mundo melhor então dormirei bem à noite. E posso ter usado centos, nunca os prejudiquei. E no fim valerá a pena, quando em vez de um eu salvar dez.
É uma questão de perspectiva. O sentido crítico é a arma mais preciosa que o ser humano tem. Negligenciada a pontos que nos aproximam dos mamíferos primitivos por vezes. E, acoplada a este, terá que vir um "positive outlook". Não podemos olhar para um problema e sentirmos o peso deste a esmagar-nos. Temos que olhar para ele como um novelo de lâ, quase infinito, basta pegar na ponta e desenrolar. Não podemos olhar para nós mesmos e sentir remorsos paralizantes com as nossas acções passadas. Temo que fazer alguma coisa. E o padrão marginal...também é uma forma de ver as coisas. Só tem vergonha de pertencer a um grupo quem não partilha da sua ideologia.
Now for the english segment.
The golden years are almost over, getting worse by the hour. So now we are obliged to give our children those golden years again. If we so much as make it closer to what it was for us, then we did an outstanding work. I sincerely hope im living a mistake, dreaming of a horrible end that doesn't exist and a lost battle.
4 comentários:
Não tenho a certeza se estou completamente de acordo...As pessoas não são latas de sardinha para terem rotulo, e a maioria das pessoas limita-se a ser simplesmente "normal" com as devidas aspas. E creio que prcisem de ser salvos: cada um vive a sua vida a sua maneira, o que para uns vale muito para outros pode não valer nada e isso é inteiramente legitimo.Não salvamos ninguem nunca: salvamo-nos a nós mesmo e já não é nada mau.
Discordo. Isso é uma visão muito pessimista, além de que posso afirmar que já salvei pessoas. As pessoas não são latas de sardinha mas se não as rotulares então terás muitas dores de cabeça. Quanto à maioria, obviamente não vives em rio de mouro, aí verias que a maioria não é "normal". Ou então a tua ideia de normal é xungaria...
Só tem vergonha de pertencer a um grupo quem não partilha da sua ideologia e... tem o narcisismo ao contrário.
Compreendo a tua posição, mas, honestamente, não acredito em padrões numa sociedade como a portuguesa. Tal, é realmente problemático nos E.U.A, o que é devido,essencialmente, ao facto da sociedade americana ter sido construída tendo como base várias culturas. Isso é o que explica a sociedade americana.
Eu discordo que as pessoas se juntem a um grupo, em Portugal, por obedecer às suas idealogias. Aliás, a existência de grupos surgiu por mera imitação americana e por moda, pois, para muitos, ser punk ou gótico é muito "cool". é uma maneira ingénua de se destacarem dos demais.
Não sei se salvaste alguém em sentido literal ou metafórico, mas penso que isso não te dá o poder de tentares salvar a ideologia das alminhas dos demais por não obedecer àquilo em que tu acreditas.
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