Qualquer fiel seguidor da minha doutrina estará à espera de um esquema teórico acerca da limitação que afecta 90% da população mundial...
Hoje vou dar um pouco de esperança (isto tem que ser como o Deus da bíblia, ora dilúvio, ora perdão, ora estatuas de sal, ora misericórdia). A evolução existe, eu senti-a mais que uma vez. Hoje posso afirmar indubitavelmente que recebi finalmente o fruto da minha evolução: uma vida mais estável, mais alegre e com mais amigos. Não tenho namorada (não se atropelem mulheres!) mas estou possuído por uma calma tão extrema que chega a ser irritante para aqueles que vivem na azafama de arranjar mais trabalho! As namoradas são muito tema das minhas divagações, isto porque foi tema central de uma década da minha vida, tentar substituir amizades várias por uma mulher (e sexo). Agora sinto falta do sexo. O casamento da Vanessa realmente pôs toda essa história do acaso e do encontrar o que não esperamos numa perspectiva mais clara que nunca. E assim o rio desce no seu leito, conheço gente, faço amigos e amigas, combino saídas e espero o mesmo que esperaria de uma tarde pacata em casa. É impressionante como foi preciso o trabalho conjunto de tanta gente e ocorrência para me fazer crente do acaso.
Ah, mencionei que agora não tenho gente irritante com quem me dou? Só me dou com menos gente, decidi que não vale a pena perder cabelos a tentar encontrar um lugar ao sol e lutar tanto por ele que o único calor que sinto é o da batalha. Na voz de toda a pita, do Brasil a NY, de Inglaterra à Beloura: sou como sou. Não no habitual sentido de pitisse (aaaah, pensavam que vos ia defender heim?) mas num sentido de que com tanto milhar de gente fantástica neste planeta, não vale a pena suportar aqueles irritantes que vemos todos os dias, deixemo-los passar por nós como o vento passa entre as orelhas da mitra.
Demorou a finalmente compreender os conceitos básicos mas consegui! Agora só falta tirar a carta de condução! E a primeira aula, hoje mesmo, foi a hora mais interessante da minha vida:
Quarta Feira, dia de feira em Mem Martins, traduzindo para os felizes, 85% do tráfego da estrada é feito por carrinhas brancas e velhinhos a pé. Para quê usar o passeio? Quantos condutores hão de ter perguntado isto ao cruzarem-se comigo previamente... desculpem a hipocrisia, é preciso conduzir para entender. O instrutor, Humberto de nome, homem calmo mas seguro, nos seus quarenta e poucos anos a julgar por uma certa falta de tonicidade corporal (especialmente ao nível estomacal), de estatura média e cabelo negro, combinando com a voz grave que incorpora um certo tom paternalista, talvez característica de todos os professores que se orgulhem do seu trabalho (esta foi uma descrição literária forçada, digam como correu), acedeu à minha curiosidade quanto ao virgem lugar de condutor (cuidado com as palavras de duplo sentido, eu sou muito homem!). Finalmente rodei a chave e fiz um pequeno trajecto pelas ruelas apertadas em volta da escola. Apenas de volante, chegou no entanto para tomar consciência tanto do meu gosto por carros como pela responsabilidade de quem vai ao lado do pendura. Honestamente os primeiros momentos foram penosos, as distâncias entre o meu veículo e os espelhos laterais dos pobres estacionados pareciam nulas ou negativas, suficiente para desmotivar o novato. As primeiras curvas foram confusas, parecendo que todos os meus pares de mãos se trocavam a virar o carro. O estacionamento foi doloroso, ao comprovar eu que não tinha a mínima técnica para parquear. E no fim de tudo foi óptimo, senti uma montanha a cair das minhas costas. Apesar de nunca ter manobrado um automóvel na vida, havia-me safado com um volante nas mãos pelos trajectos sinuosos e hordas de gente mal disposta típica de uma quarta de manhã. Aquela aula nunca deveria ter acabado...
...Se ao menos o Humberto fosse uma Humberta... de cabelos escuros como uma noite sem lua, faces tão belas que empalidecem os florais campos Holandeses, corpo tão esbelto tecido pelos pensamentos pecaminosos dos deuses, olhos tão penetrantes como flechas, lábios sedutores que geram inveja nas cerejas mais encarnadas...
Mas perfeito, perfeito é Super Bock Sem Álcool!
8 comentários:
Cresce, ok?
essa das mulheres foi um cadito trite...
essa das muheres foi um cadito triste...
Engolindo em seco, digo:
Importaste de elaborar?
gostei bastante do texto; admito que em termos ideológicos não sou grande fã do fluir naturalista... nada mesmo.
no entanto tenho de admitir que é uma ideia interessante. a situação usada é muito bem escolhida e tudo está bastante explicito e consistente.
excelente cronica, i para mim poucas coisas sao excelentes
se eu não te conhcesse e lesse o teu texto o que eu pensaria seria algo de parecido com isto:
"Qualquer fiel seguidor da minha doutrina" é algo que eu não sou mas não vem ao caso...
"limitação que afecta 90% da população mundial..." quem és tu para afirmar isso e sobretudo subentenderes que não pertences a essa larga maioria?
"A evolução existe, eu senti-a mais que uma vez" Certamente o teu conceito de evolução não é o aquele que eu aprendi...
"Não tenho namorada (não se atropelem mulheres!" E viva o ego maior que planeta Terra, não me surpeende o elitismo...
"Não no habitual sentido de pitisse" Isso quer dizer o quê mesmo?
"cuidado com as palavras de duplo sentido, eu sou muito homem!" Se era suposto ter graça, não teve!
"parecendo que todos os meus pares de mãos se trocavam a virar o carro. " que eu saiba as pessoas so tem duas maos...
"senti uma montanha a cair das minhas costas." que raio de metafora é esta?
agora espero que entendas a dureza do meu comentario.
Da maneira que te oiço falar das pessoas é preciso que tenhas muita coragem para dizer que eu tenho a mania da superioridade. A partir daí já nem vale a pena comentar.
é preciso ser muito criança para não se perceber ironia e sarcasmo...
quanto à metáfora que não conheces, não és obrigada a isso, respeita que outros conheçam.
(Insere aqui a parte mais dura do comentário que podes imaginar que diria se não pensasse que estás a reagir de uma maneira estranhamente bruta e invulgar. Espero que te passe)
óooo Ana...! q amarga!!! mt à mulherzinha...
Enviar um comentário