quarta-feira, outubro 29, 2008

Mezinhologia

Não é muito frequente discutir algo neste espaço relacionado com Medicina. Afinal de contas, faz todo o sentido visto que o meu cão é o único que o lê assiduamente, e não lhe interessa ouvir falar de outra medicina que não a veterinária. Mas hoje trago para a praça semi-pública um assunto controverso: a mezinhologia.

Qual será o sketch com piada do próximo Zé Carlos, perguntam. Pois bem, esta ciência é passada realmente de geração em geração através de um método bastante sofisticado, nomeadamente a redução completa de um grupo de sintomas como pertencente a apenas uma doença. Não é algo que a população geral faça de propósito, tendemos a associar padrões com a única informação que temos, se não tivermos mais, claro. Isso pode tornar-se um pouco perigoso no ramo da saúde.

-- Ah, a Sra Francisca está com tanta febre!
-- Isso é uma apendicite, o meu rebento já teve disso, tiveram que lhe tirar o catraio!
-- É? Pois, se calhar é disso e parece que pegou ao marido...
-- Pois, deve ser muito contagiosa, o meu dr. Albano estava com muita pressa de lho tirar, era provavelmente para não nos pegar a nós...
--Então e os coentros este ano, já viu que nunca mais pegam? Tenho um canteiro todo ocupado com isto e já estava a contar com eles!
--Pois, é a crise económica, o senhor do telejornal bem disse que afectava tudo, até os coentros estão mirradinhos, timidos vá.

Depreendem-se várias conjecturas deste diálogo. A primeira é obviamente que eu estou na droga e devia parar. A segunda é o perigo das generalizações. A terceira é que a Dona Antónia não tem o canteiro propriamente adubado e os coentros não crescem devido ao défice de nutrientes. Tal pode ser combatido com adubos sintéticos ou reciclando resíduos orgânicos no canteiro previamente à plantação dos coentros. Claro que pode simplesmente não estar a regar o canteiro suficientemente, mas visto que a Dona Antónia é reformada, rechonchudinha e ostenta apenas quatro orgulhosos dentes é claro para a população em geral que ela rega regularmente as suas plantas.

O curso de Medicina não é o curso mais importante de todos (fora o facto de eu estar lá) mas é ligeiramente revoltante a capacidade de algumas pessoas de ignorar os anos perdidos e dificuldades ultrapassadas pelos zombies de bata branca e diagnosticar “isso é um cancaro!” com base na amiga da vizinha do tio avô do lado do primo Zé que teve um problema semelhante. É um inconsciente descuido e desonra à nobre profissão médica (sim, estou a dizer bem de medicina, devo estar com febre).

No fim quem sofre não somos nós, são vocês... cuidem-se. E lembrem-se que um bom crescimento de vegetação depende não só do provimento de água e qualidade do solo como da sua riqueza em nitratos e outros nutrientes essenciais.

terça-feira, outubro 28, 2008

New guy on the block

Como fazer uma introdução?

"Olá, sou o João e sou assim e assado".
Parece muito seco, muito de caras, pouco empático.

Porém, um discurso inteiro, a contar os sonhos, as esperanças, os traumas e infância e a data da última consulta do dentista parece areia a mais para uma primeira conversa...

"Olá. Chamo-me João. Não, não sou o outro João, sou este João. "
... Muito confuso.

Posso fazer como os meus professores me ensinaram:
"J.M., sexo masculino, 20 anos, residente e natural de Lisboa, causasóide, com antecedentes pessoais e familiares..."
Deslavado, muito "linguagem de médico". E, como um exemplar destes um dia me disse, "os homens desta profissão não costumam ser bons maridos" - a falar assim de certeza que nenhuma mulher nos quer aturar!

"Ora muitos bons dias, caras senhoras e caríssimos senhores, tenho no bilhete de identidade a designação de João Miguel, também estou na faculdade, e o (grande, enorme, gigante! qual ídolo, qual herói, qual deus!!) fundador deste blog convidou-me a fazer parte do seu grupo de escrita.

...

Apenas uma verdadeira dúvida me surgiu na cabeça.
Ora se eu me chamo João, e se o fundador do blog também de chama João, e considerando que frequentamos a mesma faculdade, parece que somos a mesma pessoa. A partir do mesmo nome surgem duas figuras que, embora pareçam partilhar projectos de vida em tudo semelhantes, têm um background ligeiramente diferentes. Aliás, encontram-se em pontos de vida quase antagónicos (ok, também não tanto...). Ao contrário de F. Pessoa, que criou personagens imaginárias com tal detalhe que parecem ter vida própria, aqui uma palavra (o nome, que em último caso não é real, físico) carrega dois vectores distintos, esses completamente reais, visíveis, errantes. E tentei procurar na net uma palavra que conseguisse exprimir esta teoria.
Por enquanto parece que ninguém a inventou.

Conclusão, vou tentar mostrar uma perspectiva diferente de como pode decorrer uma vida, outros erros que se tomam, outras experiências que surgem, podendo talvez criar um paralelismo entre ambas. Agora que sou parte do grupo, deixo de certa forma de ter uma perspectiva crítica e credível para poder fazer esse trabalho, e é essa análise que espero que o leitor queira fazer.


Afinal de contas, também não é necessário muita cerimónia.
Olá.
Chamo-me João Miguel.
Espero não ser secante.

segunda-feira, outubro 20, 2008

A crise económica

...foi provavelmente causada por mamas. Os especuladores olham para elas e não percebem uma escolha errada quando a fazem!

Sim, o Homem e as irmãs sempre tiveram uma relação amor-ódio. Consideremos a guerra de Tróia. Porque se deu? Por um belo par de mamas. E à conta dessas formações glandulares muitos homens morreram. E após ouvirem esta história muitos homens morrerão pela glória dos comummente denominados seios! Porquê? Porque anos de experiência, de erros constantes na tomada de acções, não levaram a atitudes mais adaptadas ao meio?

Porque quando toca a mamas, um homem não aprende. O mesmo se passa com belos glúteos mas as mamas apresentam aqui uma posição mais notória visto que se encontram (vulgarmente) abaixo da face. Normalmente é esta característica que leva ao primeiro erro do macho, a confusão entre a face e as "amigas". E aí um reflexo que visa a perpetuação da espécie impede exactamente a consumação do acto!

Claro que as falhas no comportamento aquando a exposição a uma prateleira não param por aqui! Existe também a síndrome de inibição pré-frontal associada a mamas (BAPFIS). Um fenómeno ainda pouco compreendido pelos cientistas em que a exposição ocular a mamas provoca uma redução súbita e significativa dos disparos sinápticos da área pré-frontal. Isto causa um comportamento mais instintivo e primitivo, ligado profundamente às áreas cerebrais herdadas das espécies antepassadas. 7 em cada 10 vezes leva ao adultério nos indivíduos sujeitos à condição.

Nunca ouviram a expressão "Não foi culpa minha, foram as mamas!"? Não é um fenómeno controlável, é uma ocorrência tão natural como a menstruação na mulher ou a artrite reumatóide no rapper!

Existem outras condições relacionadas que afectam homens todos os dias mas a confusão, perda de memória a curto prazo e a BAPFIS são realmente as mais comuns, afectando 100% da comunidade masculina heterossexual.

Mas o que fazer perante tal maldição, o risco de perder o controlo pela vontade das mulheres? A resposta não é simples. Alguns recorrem a religiões específicas, tal como o Marklismo, exaltadoras da magnificência dos enormes seios, recebendo a bênção e maldição de braços abertos. Outros reduzem toda a forma física e fenómenos associados a uma ciência, depurando cada aspecto em busca da compreensão ou talvez até das hipóteses terapêuticas para a BAPFIS. Mas a maioria permanece sem rumo, homens receosos do dia seguinte, sofrendo pelas perdas de controlo, ainda sem entenderem que a BAPFIS e a confusão são condições naturais que nos afectam a todos.


Pois bem, eu chego-me à frente, oferecendo a todos o conhecimento e o ombro. Homens, não estão sozinhos! A BAPFIS é real. A ameaça da prateleira é tão real quanto a sua formozura!

Esta semana ainda não disse mal do iPod

Adquiri recentemente um MP3 Zen X-Fi. Estou muito contente. Mas sinto-me triste pelas hordas de gente que vi pelo caminho em vias de comprar um iPod.

Mas porquê não gostar do iPod?

Vejamos, o iPod 8GB custa o mesmo que um Creative Zen X-Fi. Se compararmos o aspecto de cada leitor, não deixa nenhum a desejar, sendo o iPod tavez vencedor nesta categoria, com um design mais fino.

IPOD 1, X-FI 0

Agora a tecnologia. Ambos têm 8 Gigabytes, não é muito mas para um leitor de utilização diária perto de casa é mais que suficiente. No entanto o Creative sai vencedor nesta categoria graças à porta de cartões SD que permite um aumento na memória significativo! Talvez não estejamos a falar na melhor integração leitor/memória externa mas funciona e essa é a chave!

IPOD 1, X-Fi 1

Som. É bastante importante nos leitores de mp3 já que são comprados para esse propósito, emiti-lo. Já há muito que se ultrapassou a barreira do som "aceitável", hoje a competição é por um som excelente! Não estou a dizer que o aipode não oferece um bom som, simplesmente pelo mesmo preço é possível desfrutar de um som melhor, com uns phones de origem espetaculares (mais de 40€ comprados separadamente), um equalizador decente e a tecnologia X-FI. Ora aqui muitos criticos...criticam. Para a grande marca deste Zen, realmente deviam ter posto um pouco mais de esforço no filtro. Ainda assim não me queixo, é de trazer lágrimas aos olhos. Já disse que o aipode não tem X-FI?

IPOD 1, X-FI 2

Ainda não me posso pronunciar quanto aos extras, aplicações suplementares dos dois MP3 porque simplesmente ainda não conheço as capacidades de cada um. No entanto não pretendo dar grande importância a estas, um leitor de MP3 é para ouvir música, não para jogar solitário, snake ou afins. Entramos aqui em território conhecido do Steve que ouvi dizer que tem um IPOD que até dá para fazer chamadas... ou será um telemóvel que dá para ouvir música e não tem grandes características de telemóvel... não sei...


O veredicto: Se querem andar por aí como mais um "minion" do Steve, com uma peça demasiado cara para as carcterísticas, comprem um ipod. Se querem andar com uma peça de design elegante, comprem roupa ou acessórios de moda. Se querem ouvir música, façam um favor a vocês próprios, à vossa carteira e às manias do Steve e comprem um Creative Zen X-FI.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Sobre mamas, amor e fé


Quando acordei tive dúvidas acerca do tópico deste texto. Mamas ou amor? É certo que o mundo gira em volta destes dois (ou três) assuntos. Torna-se complicado escolher. São assuntos muito trabalhados por diversos autores, já foram vistos por todos os ângulos e as opiniões de quem os experiencia são extremamente variadas. Portanto vou falar da crise económica, algo que influencia ambos os últimos.

Ora vejamos, a crise económica leva o casal a ter que se esfolar para pagar os 340 (mil) empréstimos que contraíram. Assim chegam a casa todos os dias carrancudos e quem sofre é o amor, o sentimento e o verbo. Não há amor nem "o" amor! E sem dinheiro para comprar uma marca de leite que venha da vaca, a última coisa a pensar é em juntar um dinheirinho para aqueles implantes de silicone que ele (e ela) tanto quer!


A verdade é que toda a gente já ouviu falar da crise, nem que seja porque eu contei. E uma crise como estas vem dividida em dois tempos ou três, se tiverem atenção.

O primeiro tempo, difícil de distinguir para o comum mortal, é a entrada em crise. Sim, nós estamos sempre a entrar em crise, a subida dos juros não é entrada em crise, sempre que um português diz "isto é a crise" não é crise! Poucos conseguem olhar para o mercado e dizer "se esta tendência do mercado se mantém, isto não vai dar sopa de agrião", ainda menos os que conseguem utilizar termos técnicos em vez de sopas deliciosas. A entrada na panela passou-nos mais ou menos despercebida, até porque teve um maior peso nos Estados Unidos e as únicas notícias a vir de lá para os jornais portugueses são entre o Obama e a Palin (não contem com o velhinho, já não vale a pena).

O segundo tempo é meso, é o ponto de viragem em que toda a gente se apercebeu da borrada que se fez. Os empresários têm medo pelos seus bancos e investimentos, os cidadãos singulares têm medo que o dinheiro que têm no banco vá dar um passeio ao bolso de alguém. E esta é uma altura muito sensível! Não fossem tomadas grandes medidas para assegurar aos povos (lembrai-vos que no mundo não estamos sozinhos e a economia Ocidental funciona como um castelo de cartas) os seus 15€ que estão na caixa ou no BES, existiria um risco aumentado da corrida ao banco. E a corrida ao banco é equivalente ao retirar a carta da base do castelo, é o quebrar completo da economia.

Neste momento a situação já se encontra semi-endereçada com as acções dos governos. No entanto existe um passo muito importante no reanimar económico: a fé. A economia de um país e do mundo baseia-se em dois componentes muito importantes: o "expertize" dos profissionais e a "fé" de todos. Se o senhor do bigode ou o senhor do cabelo lambido pela vaca não acreditam que se meterem dinheiro na máquina ela retribui com mais dinheiro, então vão é meter o dinheiro no bordel que ao menos ficam bem servidos (e afinal de contas já têm os dois herpes e clamídia, qual é o problema?). A perspectiva é positiva, pelo menos parece-me que a fé está a aumentar. O que leva ao terceiro tempo.

O terceiro tempo é o prognóstico. Como na história natural da doença, leva a remissão, morbilidade ou morte.

Na remissão dos sintomas económicos, a máquina do investimento a pouco e pouco volta a ter a cridibilidade e força de antes. Os investidores retomam a sua fé e está tudo bem... pelo menos até serem incrivelmente idiotas para voltarem a investir em algo perfeitamente estúpido e perderem o dinheiro... de novo, voltando a ter uma crise... de novo.

Na morbilidade a máquina fica quase permanentemente afectada. É certo que não existe uma sincronia entre o que se passa com o corpo humano e a economia, esta última regenera sempre enquanto houver humanos. Mas pode sofrer um embate tal que a credibilidade de certas instituições, certos negócios e a máquina empresarial em geral fiquem gravemente manchadas. Isto traz consequências a longo prazo, abrandando o crescimento. Mas a gente já passou pela inquisição, avanços mais lentos que nesse tempo são impossíveis!

Hoje tiveram que arrancar o pequeno almoço das rodas do carro? Foram trabalhar ou à escola? Os grupos da vossa roda alimentar são "do esgoto", "atropelado", "canibalismo" e "madeira prensada"? Então ainda não se chegou à morte do sistema económico, tal como na grande depressão que estudaram na escolinha. Existe uma paralização tão grave do sector económico que a rotação e geração de riquesa estagnam. As empresas fecham, as pessoas ficam desempregadas e sem dinheiro. Os preços baixam tanto devido à queda na procura que deixam de haver lucros, que levam mais empresas a fechar e mais pessoas a ir para a rua. É uma festa que só pára num óptimo plano ou num péssimo regime. De qualquer forma as consequências da morte económica são tão nefastas que serão impensáveis para a maioria da população ocidental.


Rezem... tenham fé... POR FAVOR!!!