quinta-feira, outubro 16, 2008

Sobre mamas, amor e fé


Quando acordei tive dúvidas acerca do tópico deste texto. Mamas ou amor? É certo que o mundo gira em volta destes dois (ou três) assuntos. Torna-se complicado escolher. São assuntos muito trabalhados por diversos autores, já foram vistos por todos os ângulos e as opiniões de quem os experiencia são extremamente variadas. Portanto vou falar da crise económica, algo que influencia ambos os últimos.

Ora vejamos, a crise económica leva o casal a ter que se esfolar para pagar os 340 (mil) empréstimos que contraíram. Assim chegam a casa todos os dias carrancudos e quem sofre é o amor, o sentimento e o verbo. Não há amor nem "o" amor! E sem dinheiro para comprar uma marca de leite que venha da vaca, a última coisa a pensar é em juntar um dinheirinho para aqueles implantes de silicone que ele (e ela) tanto quer!


A verdade é que toda a gente já ouviu falar da crise, nem que seja porque eu contei. E uma crise como estas vem dividida em dois tempos ou três, se tiverem atenção.

O primeiro tempo, difícil de distinguir para o comum mortal, é a entrada em crise. Sim, nós estamos sempre a entrar em crise, a subida dos juros não é entrada em crise, sempre que um português diz "isto é a crise" não é crise! Poucos conseguem olhar para o mercado e dizer "se esta tendência do mercado se mantém, isto não vai dar sopa de agrião", ainda menos os que conseguem utilizar termos técnicos em vez de sopas deliciosas. A entrada na panela passou-nos mais ou menos despercebida, até porque teve um maior peso nos Estados Unidos e as únicas notícias a vir de lá para os jornais portugueses são entre o Obama e a Palin (não contem com o velhinho, já não vale a pena).

O segundo tempo é meso, é o ponto de viragem em que toda a gente se apercebeu da borrada que se fez. Os empresários têm medo pelos seus bancos e investimentos, os cidadãos singulares têm medo que o dinheiro que têm no banco vá dar um passeio ao bolso de alguém. E esta é uma altura muito sensível! Não fossem tomadas grandes medidas para assegurar aos povos (lembrai-vos que no mundo não estamos sozinhos e a economia Ocidental funciona como um castelo de cartas) os seus 15€ que estão na caixa ou no BES, existiria um risco aumentado da corrida ao banco. E a corrida ao banco é equivalente ao retirar a carta da base do castelo, é o quebrar completo da economia.

Neste momento a situação já se encontra semi-endereçada com as acções dos governos. No entanto existe um passo muito importante no reanimar económico: a fé. A economia de um país e do mundo baseia-se em dois componentes muito importantes: o "expertize" dos profissionais e a "fé" de todos. Se o senhor do bigode ou o senhor do cabelo lambido pela vaca não acreditam que se meterem dinheiro na máquina ela retribui com mais dinheiro, então vão é meter o dinheiro no bordel que ao menos ficam bem servidos (e afinal de contas já têm os dois herpes e clamídia, qual é o problema?). A perspectiva é positiva, pelo menos parece-me que a fé está a aumentar. O que leva ao terceiro tempo.

O terceiro tempo é o prognóstico. Como na história natural da doença, leva a remissão, morbilidade ou morte.

Na remissão dos sintomas económicos, a máquina do investimento a pouco e pouco volta a ter a cridibilidade e força de antes. Os investidores retomam a sua fé e está tudo bem... pelo menos até serem incrivelmente idiotas para voltarem a investir em algo perfeitamente estúpido e perderem o dinheiro... de novo, voltando a ter uma crise... de novo.

Na morbilidade a máquina fica quase permanentemente afectada. É certo que não existe uma sincronia entre o que se passa com o corpo humano e a economia, esta última regenera sempre enquanto houver humanos. Mas pode sofrer um embate tal que a credibilidade de certas instituições, certos negócios e a máquina empresarial em geral fiquem gravemente manchadas. Isto traz consequências a longo prazo, abrandando o crescimento. Mas a gente já passou pela inquisição, avanços mais lentos que nesse tempo são impossíveis!

Hoje tiveram que arrancar o pequeno almoço das rodas do carro? Foram trabalhar ou à escola? Os grupos da vossa roda alimentar são "do esgoto", "atropelado", "canibalismo" e "madeira prensada"? Então ainda não se chegou à morte do sistema económico, tal como na grande depressão que estudaram na escolinha. Existe uma paralização tão grave do sector económico que a rotação e geração de riquesa estagnam. As empresas fecham, as pessoas ficam desempregadas e sem dinheiro. Os preços baixam tanto devido à queda na procura que deixam de haver lucros, que levam mais empresas a fechar e mais pessoas a ir para a rua. É uma festa que só pára num óptimo plano ou num péssimo regime. De qualquer forma as consequências da morte económica são tão nefastas que serão impensáveis para a maioria da população ocidental.


Rezem... tenham fé... POR FAVOR!!!

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