Mas a tempestade não passa, é um mito. O barco guina como uma bailarina toxicodependente, não antes mas neste momento. Perpetuamente. A paz não está no olhar para o céu prevendo mais chuva. A paz está no mar.
Nas ondas martelando incessantemente na nossa base, cuspindo sal para a nossa cara e dando pequenas dentadas nos pés. E aí sorrimos porque tudo está bem. Tudo está como deveria ser. Right where it belongs.
Estou a olhar para o mar, vejo-me disforme como um ser em permanente luta com os elementos. Mas é um fenómeno de óptica, nada mais. Estou normal, estou bem, o mar não trinca, adiciona pequenos pedaços. A minha pele não está seca do sal mas couraçada, pronta para o que o céu me atirar. O meu barco não vira, desliza gentilmente na tempestade. Mas é mesmo uma tempestade? E se nunca existe a calma, ficamos em terra para sempre? Não, não existe trovoada nem tsunamis, existe a naturalidade da viagem.
Tenta tombar-me porque nunca conseguirás. Onde a minha tripulação foi engolida eu persistirei, consistente, completo, sorrindo quando me gritas e bates. Vem, pede ao céu mais monções.
Mas o céu cansou-se de tentar e trará bonança.
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