domingo, novembro 30, 2008

A sombra negra

Hoje venho falar acerca de um tópico muito pertinente: a depilação. Juntem-se homens, oiçam os meus pareceres, contos de coragem, bravura e folículos rebeldes debelados por tiras de cera quente!

A verdade é que nenhum homem heterossexual depila qualquer parte do corpo. Deixando essa afirmação de parte, grande parte dos homens heterossexuais é obrigado a remover uns quantos pêlos do corpo em certa altura. E isto tem uma razão de ser. Os pêlos crescem, as mulheres já há uns anitos que não gostam de homens das cavernas e os homens continuam a gostar de mulheres. Faz algum sentido, não?

Quanto à escolha do método, tendências variam. Uns preferem passar alguns penosos minutos diante de um espelho com uma pinça, cuidadosamente desbastando áreas que foram inapropriadamente tomadas por esta sombra negra. É vantajoso no caso de áreas pequenas e no facto de ser uma tarefa realizável a solo. Já que a maioria das pessoas torce o nariz quando um homem faz um tratamento estético, torna-se imperioso para alguns, obviamente, evitar a partilha dos seus hábitos de exaltação da beleza externa. Outros entretanto preferem a depilação a laser. É realmente uma técnica muito interessante pela perpetuidade dos efeitos e ausência de dor.

Eu penso que a depilação a cera é realmente, sem sombra de dúvida, a depilação feita para o homem! Porquê? Pelo grosseirismo da técnica, pela excruciante dor envolvida no processo e pela inevitável necessidade da infeliz tarefa ser repetida em intervalos de tempo relativamente curtos.

Analisando bem a situação, a depilação a cera é certamente, nas palavras do Sô Arnaldo que está de momento numa simbiose com o seu LCD novo, enquanto rumina tremoços banhados em cevada fermentada, “coisa d’Ómem”. Porque homem a sério faz sempre competições com os seus similares em género com o intuito de verificar limiares à dor, enaltecendo o macho alfa. Porque homem que é homem luta por mostrar qual tem mais bravura ao aventurar-se em campos que não foram desenhados para ele! Porque macho latino mostra sempre aos compatriotas testosterónicos que tem maior iniciativa, coragem e menos noção das consequências ao fazer algo que não lhe compete!

Portanto não faz todo o sentido que quando um Ómem (com muitos acentos no “o”) quer aprumar a sua estética, com o intuito de promover simulacros de procriação com o sexo feminino, claro está, o faça com o máximo de dor possível? Com o mínimo de tecnologia possível? É mais que absoluta a validade destes argumentos! Não faço ideia sequer porque não foram incluídos na bíblia!

Agora, desenvolvendo com um pouco mais de cuidado, o paradoxo homem-estética, de uma forma tendencialmente curta:

Dentro do género, um homem quer-se cavernoso, tropeçando frequentemente nos pêlos que conserva desde tenra idade e guardando o farnel na barba para ir comendo enquanto trabalha no campo. Por outro lado um homem também se quer com um reportório de conquistas que faça inveja à lista telefónica de São Paulo. Tomando como premissa que a maioria das mulheres (ou mesmo 100% das mulheres que não têm aspecto de homem) não sonham com um parceiro saído dos gorilas da bruma, nasce o paradoxo da estética masculina. Este não deve ter cuidados estéticos mas precisa de ter cuidados estéticos! Se se apruma é gaja, se não o faz (e consequentemente não promove o desenvolvimento da industria do látex, ou poliuretano para os alérgicos) também é gaja!

Existe assim uma fulcral necessidade de encontrar um meio termo, em que é aceitável cuidar da aparência, sendo de todo condenável viver para esta ou demorar mais de 2 minutos a escolher a roupa – em casa, obviamente, já que estando um homem fora da sua zona de conforto quando se desloca a uma loja de roupa, inevitavelmente se perde e demora muito tempo, não por possuir um leque vasto de interesses pelos adereços mas porque não goza de um “know how” suficiente para acertar combinações ou decidir se leva a 15ª camisola preta igual porque é realmente mais fácil de escolher – e por outro lado é do mesmo modo de vital importância gerar uma mudança de atitudes perante a depilação, já que a maioria dos homens padecem de exagerada pilosidade (o que de facto é d’Ómem) e se sentem reprimidos por resolvê-la na sua reculsão, levando a cabo operações que não entendem como no âmbito do sexo masculino, quando a mesma depilação, não sendo um tópico a ser discutido publicamente como as mulheres o fazem, é tão natural como a gravidade.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Definição de bom dia

À falta de definição óbvia no dicionário (como é que está "bué" e não "bom dia"? Que mundo este o nosso... é por isso que o país não vai para a frente... seriously?), venho conceptualizar a ideia de bom-dia, esperando que pessoas superiores, mais cultas e iluminadas plagiem este post para cada enciclopédia do país (e não farão mais que a sua obrigação!).

Bom-dia (s. m., ou lá o que a nova gramática decide chamar agora):

1) Bom = acima de 14 valores + Dia = 24 horas = 14 das 24 horas do dia correndo bem (a definir se as de sono contam);

2) Acordar com a música desejada, ter o metropolitano à espera, dizer o professor bem do trabalho realizado e verde nos semáforos para o sujeito em questão;

3) Ter a tal que o sujeito procura a acordar para a vida (Bela Adormecida e Branca de Neve são umas otárias que julgam que basta estar a ressonar para ganhar algo de jeito. Só por acaso... o homem que as "salva" não se chama de Príncipe Encantado em ambas? Isso diz muita coisa...);

4) Apanhar uma nota de 20 euros (ou superior);

5) O preservativo danificar-se e a mulher não engravidar nem se apanhar uma DST;

6) Ver a Angelina Jolie ou semelhante (conhecê-la já não se denomina "bom-dia," mas sim "filho-da-mãe-odeio-te-para-o-resto-da-vida-por-tu-a-conheceres-e-eu-não");

7) Acordar sem borbulhas na cara aos 21 anos de idade (meu, já chega! Quem foi o "homem "que afirmou que o sujeito tem um número fixo de glândulas sebáceas "inflamáveis", e que quando fossem todas tratadas não haveria mais? Tenho de ter uma conversinha com ele...)

8) Toda a gente olhar para o sujeito com um ar sorridente e ter mesmo saído de casa com toda a roupa vestida e não ser um apenas um sonho;

9) Dia de How I Met Your Mother + Chuck (possível adição de Gossip Girl - "you know you love me");

10) Ter um filho (a sério, não me lembrava de mais nada, portanto...)

Para todos os outros casos... olha, arranja-te! Querias que todos os dias fossem bons? O semáforo só está verde para uma direcção, e a Angelina Jolie (ou semelhante) tem mais que fazer do que conhecer-te, não achas? Tipo...primeiro ela conhece-me, depois logo se vê se te apresento! Além disso, amanhã é um novo dia... quem sabe?

sábado, novembro 22, 2008

Reclamação (aka o direito de um homem a sentir-se correspondido)

A/C senhora XPTO (também aplicável às versões anteriores: XPTA, XPTB, XPTC...)

Venho por este meio acusar v. exma. de falta de atenção. Pior, de nenhuma atenção! Pelo menos a Ministra da Educação (que Deus lhe dê alguma, se faz favor...) já está (muito minimamente) a tentar ouvir os professores... voltemos ao assunto!
Queira v. reverência reparar que a pessoa que lhe dirige pertence ao (mui virtuoso) género masculino (também denominados de O sexo, gajo, damo, todo bom, entre vários semelhantes), e, como tal, gosta de ser ele a começar uma conversa, de pagar uma (ou muitas) bebidas, carregar compras pela senhora, levá-la a todo o lado que assim deseje (ainda bem que ainda não desejou ir para além do razoável, não sou senhor de grandes posses)... dispersão outra vez!
Como tal, este gentil cavalheiro almeja por vezes ter a honra de sua companhia, e, porque não, por vezes de tocar-lhe, dar-lhe o braço, ouvir a sua voz, e outras coisas que por carta não são próprias de referenciar, e que ficavam de mal tom escrever-lhe sob pena de parecer brejeiro, inculto, obsceno aliás! E o que certamente menos queremos seria um mal desentendido, um equívoco, um terrível engano, um infeliz engano... porra, que já me estou a desviar outra vez!

Pá, minha, qual é a tua? Enxerga-te? Liga-me! Custa assim tanto? Por vezes um homem também gosta de ser mimado...

Atenciosamente (vá lá, me liga, vai?),

o toino

quinta-feira, novembro 20, 2008

Bite Size

Bem vindos ao local onde... não acontece muito, vá.

Mas hoje acontece algo inédito no mundo dos blogues!

Textos "bite size"!

E o que é isso? De uma forma resumida, são textos pequenos, sintéticos, utilizados regularmente por aqueles que não sabem fazer melhor ou por aqueles que, apesar de saber, querem oferecer algo mais constante ao leitor.

Portanto hoje apresento, além desta inovadora ideia, o meu ódio aos alimentos "bite size". Como todos sabem, os alimentos "bite size" são miniaturas de iguarias (ou não) culinárias que costumavam ser vendidas em tamanhos adequados. Mas o que escondem na realidade os alimentos "bite size"?

-Podes partilhar com os amigos! Que bom! Assim tens de comprar mais! Yessssss!
-São tão pequenos que não notas enquanto os comes! Acabas por comer o dobro porque metade fica por mastigar e presa entre os dentes...
-Qualquer pessoa a comer algo "bite size" é automaticamente reduzida ao estatuto de "tia".
-Estudos demonstraram que de 50 indivíduos (saudáveis, residentes no instituto prisional do linhó) a que foram administrados alimentos "bite size", 49 acabaram por cometer um delito entre 15 minutos a 365 dias após administração. O 50 foi esfaqueado com uma tampa de oreos "bite size" afiada na parede.

A cruel verdade é que as miniaturas são a criação do diabo. Não adiantam em nada em relação aos pais e por alguma razão, toda a gente lhes acha piada como se fossem um recém-nascido!

PORQUÊEEEEEE?

terça-feira, novembro 18, 2008

Consultório da Maria (não a bolacha)

…duas medidas de farinha, juntas três ovos e bates, com cuidado, que a farinha salta se puseres a batedeira muito forte. Ah, olá, vejo que tiraram uns momentos do vosso dia para praticarem a auto-mutilação psicológica. Adiante então!


Esta é uma história sobre coragem, sobre o gajo que enche os pulmões, dirige-se à pessoa que gosta e a convida para sair. Esta é uma história sobre álcool. Mentira. Mas é uma história sobre coragem.

Quanta coragem é necessária para um homem convidar uma mulher para sair? Depende. Quanta coragem é requerida a um homem para se dirigir a um estranho? Ronda o zero. Mas e no cenário em que um moçoilo convida uma moçoila amiga para sair com o intuito de levar a amizade ao próximo nível?

Um simples “Queres ir ao cinema” esconde nas entrelinhas “Olá Berlígia, queres ir comigo dar uma volta, ver um filme romântico enquanto eu desesperadamente procuro sinais de que gostas de mim e no fim te tente beijar, arriscando provocar danos irreparáveis à nossa amizade que apenas serão superados quando eu arranjar outra namorada, mesmo que secretamente ainda goste de ti, no sábado está bom?”. O primeiro comentário será, claro, “é chato”.

(Aparte, há mal se eu abater a criança aqui do meu prédio? É que o seu gemido é ligeiramente irritante… aceito sugestões para tudo “parecer um acidente”).

Agora de cabeça mais fria (e com a criança devidamente desmembrada e guardada na minha arca para amanhã fazer um arrozinho de cabidela), analisemos a situação devidamente. Recordo que este é somente o meu ponto de vista e que eu não sou de forma alguma afiliado com a igreja do reino de Deus – aquela da pomba, logótipo mesmo ranhoso. Temos uma amiga e começam a surgir sentimentos. É nosso dever primário averiguar tais sentimentos, de modo a, como se diz na gíria, “não fazer m***a”.

Tomemos como verdade que tais sentimentos estão confirmados. E para simplificar a escrita, visto que sou um tanto quanto preguiçoso e estou farto de escolher formas verbais adequadas, vamos assumir que sou eu que gosto da amiga, caso hipotético. E se alguém me vier arreliar o juízo com isto vai acabar ao lado da menina que vivia aqui no prédio, nem que tenha que retirar as cuvetes de gelo do congelador. Tenho certeza dos meus sentimentos, só não sei o que fazer agora.


O que fazer?

Posso fechar-me, continuar amigo da Berlígia como se nada se passasse e chorar todas as noites porque nunca atingirei outro grau de felicidade. Ou então posso pensar. Assumimos neste caso que eu sou capaz de pensar. A que ponto é possível manter uma amizade (e não estou a falar de amizades ultra-congeladas que se preparam em 7 minutos no micro-ondas, refiro-me a uma Amizade, com partilha, cooperação, honestidade e outros adjectivos) sã, quando escondemos tal sentimento? Eu mudo de voz, tenho conversas mais evasivas, sempre de modo a não falar de mulheres, os meus sentimentos e perspectivas futuras. É difícil que a Berlígia não perceba que algo se passa. E depois a vergonha é maior…

Posso simplesmente esquecer. Mas, sendo constantemente lembrado da Berlígia, aquando me encontro com ela, torna-se uma tarefa desumanamente complicada. É possível que tenha a sorte de entretanto aparecer uma Marineide que me ajude a diluir a memória da outra paixão. No entanto é também provável que eu esteja de tal modo vidrado na Berlígia que quando a Marineide passar ao meu lado e esfregar a sua tonificada “bundinha” na minha genitália, ou revelar ter os mesmos interesses que eu numa conferência acerca dos meus interesses, eu nem repare nela.

Posso por outro lado ser sincero para comigo. Corro o risco de perder uma amiga? Não, corro o risco de tornar uma amizade um pouco estranha durante uns tempos e, obviamente, o risco de ser rejeitado, o que nunca foi pêra doce, mais ainda com alguém que respeitamos. Claro que é este o caminho para a felicidade e não é, nem nunca foi, um caminho em que não há risco. Eu (a personagem hipotética que gosta da Berlígia) tenho sempre de resolver este sentimento. E na minha (o João, indivíduo residente no mundo real) opinião, isso passa por entrar na relação com a entidade alvo de tal afecção ou ser rejeitado pela mesma e, reconhecendo a impossibilidade de concretização dos meus planos, acabar por esquecer.


Agora, supondo que tinha pensado no assunto, decido passar à acção. Convido-a para sair, bla bla bla, cada um tem a sua técnica, bla bla, os sinais, bla bla. Ou vai ou não vai, se for, tanto melhor, se não for, é altura de ir buscar o alcatrão para atapetar a trampa da autarquia anterior. O que para um senhor na minha idade é tão comum como urinar. Constantemente fazemos asneira e constantemente resolvemos os problemas que criámos, numa estabilidade um tanto quanto instável, à semelhança das interacções económicas China-EUA (fica para outro dia este tópico).


Pareceu muito fácil? Claro, saltei o maior problema de todos. Esse dilema reside a sul do pénis e produz normalmente espermatozóides. É preciso aquela fruta vermelhinha que acompanha a alface na salada. É preciso pimentos tomates. Curiosamente, mesmo no topo da cadeia alimentar, continuamos a jogar estrategicamente para evitar rejeições, evitar sairmos magoados. Ainda assim, a tomada de acções está sempre a nosso cargo, há sempre um momento em que é preciso “dar o salto” e nunca ninguém o dá por nós. Podemos pedir mil conselhos, pesquisar todos os sinais. No fim, alguém tem que se chegar à frente e dizer “gosto de ti”, quer seja por palavras ou um beijo ou outro gesto reconhecido universalmente. Alguém tem que ser concreto e parar os rodeios, caso contrário, andam duas pessoas num carrossel sem nunca se tocarem. E contar com a outra pessoa para dar o primeiro passo é um erro porque ela pode estar a fazer o mesmo.

Finda a narração do João hipotético.

Quando acabo de escrever algo para este blog normalmente penso duas coisas: “bolas, isto não presta para nada mas alguém há de comer” e “não disse nada de novo”. São ambas verdade. Qualquer um com dois dedos de testa percebe estas linhas de pensamento. E no entanto acabamos sempre por esquecer. Para a rapariga de quem gostamos, esquecemos sempre na equação a lógica. Daí que escreva isto, porque alguém no mundo precisa de o ler, perceber o valor da sua coragem e a natureza colectiva dos seus medos.

Concluindo, aproveito para fornecer uma receita de arroz de cabidela:

Ingredientes:

1 galinha menina que estava a fazer muito barulho na escada
1 dl azeite
3 c. sopa vinagre
1 cebola
2 dentes de alho
100 g toucinho
1 folha de louro
1 malagueta
1 tigela malga taça medida mais ou menos padrão de arroz
q.b. sal

1. Aproveite o sangue da galinha menina deitando-o numa tigela com três colheres de sopa de vinagre para que não coalhe. No entanto, como alternativa ao sangue consulte o seu talho.
2. Numa panela ponha a refogar no azeite a cebola e os alhos picados. Junte-lhe a galinha menina cortada aos bocados pequenos e os miúdos (excepto o fígado), o toucinho cortado, o louro e a malagueta cortada ao meio. Refogue tudo, tempere com sal e deixe estufar em lume brando.
3. Cubra a carne com água quente, tape a panela e deixe cozer até a galinha menina ficar macia.
4. Depois de cozida retire a galinha e rectifique a água para que fique na proporção de 3 de água para 1 de arroz para a cozedura do arroz. Assim que levantar fervura junte o arroz.
5. Três ou quatro minutos antes de ficar pronto junte o sangue, misture-o bem, junte também a carne e deixe apurar.


OBS: nenhuma menina sofreu qualquer lesão no decorrer da produção deste "trabalho".

segunda-feira, novembro 17, 2008

The OC's Gossip Creek

Ok, uma semaninha sem escrever e o patrão pergunta o que aconteceu.
Pois... que aconteceu?
Óbvio, cá se continua com uma certa telenovela!Ok, telenovela também não... é mais série teen, que todos odeiam, mas que afinal ninguém perde (sim, estou a falar contigo, quem é que queres enganar?). Daquelas cujos protagonistas andam on-again/off-again durante n temporadas que a produção durar.
Não vou contar a minha própria aventura (7 temporadas num post seriam difícieis de comportar). Contudo, pus-me a pensar: que séries teen vi/vejo, que importância tiveram/têm, e que conclusões posso tirar?

Dawson's Creek (1998-2003)


Típica história: gajo-e-gaja-são-amigos-até-à-altura-em-que-começam-a-ganhar-hormonas-e-começar-a-querer-saltar-para-cima-um-do-outro.
Simples, não é? WRONG!
A história envolvia mais que apenas um desenvolvimento dos genitais e sonhos impróprios. O protagonista era um idealista, o apologista do amor pleno, universal, a procura do Homem em si. O seu mundo, a esfera que imagina, a formação do seu conceito de realidade e de quem o rodeia. E a rapariga (pausa para babar pela Katie Holmes na altura...), a mulher que personifica a sua ideologia, a musa, a tal...
O discurso era (demasiado) eloquente e introspectivo (para miúdos de quinze anos), servindo perfeitamente o propósito da série (a parte teen é quase uma desculpa para ter audiência)
Até que surge o fatídico último episódio, surgindo a cena (não fui eu que a traduzi):


Ok, tudo bem, pensa o estimado espectador, até que:


Conclusão? Podemos ter a nossa história de amor, e encontrar a pessoa certa, que até mesmo assim ela vai em direcção ao pôr do sol com o otário do outro cowboy (ou dormir com o padeiro, brincar aos toureiros, pular a cerca - aplicar a metáfora preferida). Que mais? Espertas são as mulheres que desta forma ficam com 2 gajos para as diferentes ocasiões!

The OC (2003-2007)


A premissa deste é mais simples: rapaz pobre vai preso e é adoptado por uma família rica que vive no centro da futilidade americana, enquanto se apaixona pela vizinha e atura o outsider do "irmão adoptado". Fácil! Quem já não passou por isto?
Teve momentos altos (muito altos mesmo) e outros muito baixos (tão baixos...). Contudo, no final do dia, sobressaíam certas cenas que justificavam quase a nossa existência (LAME, mas não consigo explicar melhor...).
Mas há mais factores a ter em conta neste caso (para além da história), nomeadamente a banda sonora (mítica, perfeita, excelente, a mistura de indie com pop/rock ideal) e o desenvolvimento do conceito pop (como nas referências cinematográficas ou culto geek - Seth Cohen está gravado - imprinted mesmo - na nossa memória com uma força tal...), que são aspectos a ter em conta (pelo menos) na definição desta década. Exemplo:


Finalmente, que conclusão se tira desta série? "Não te apaixones pela tua vizinha com problemas psiquiátricos, senão ela morre no final da terceira temporada. Se bem que depois finalmente poderás encontrar alguém minimamente equilibrado...NOT!"; e "apaixona-te pela burra da tua escola. Sê humilhado por ela à vontade. Ela acabará por ver que até és porreiro. Quanto à burrice... isso passa quando chegarmos à 4ª season".

Gossip Girl (2007 - )


O criador do OC, no final deste, decidiu criar mais uma série para pessoas com borbulhas e flutuações de auto-estima (para além de Chuck, uma das melhores coisas nascidas à face da Terra) ... só que desta vez puxou o limite para muito mais longe.



Agora sim falamos de cultura pop, de irreverência, de toda uma cultura! Sim, cultura, porque pelo menos por onde ando já muita gente não se cinge apenas a dizer literalmente lol, mas os vocábulos OMFG (e todas associadas), btw, aka, asap, por aí fora - já fazem parte da literatura. (bué é tãaaaaaaao século XX...). É o novo guilty pleasure... será apenas isso?
Conclusão da história? Por enquanto... "não guardar esqueletos no armário", "não durmas com quem não deves" e "não te metas se não sabes com quem estás a jogar" parece-me apropriado.


Sim, o primeiro é o meu favorito (é o da minha geração!), mas os outros têm a sua lógica, a sua razão de existência: as formas com que nós encontramos a outra pessoa podem ser completamente diferentes, o meio também.
Agora: quem gosta, gosta mesmo! Tipo ir à Lua e não voltar, adormecer e acordar a pensar nela, e matar quem lhe causar um arranhão.
Se as séries não nos deixarem a sonhar, para que é que existem?

domingo, novembro 16, 2008

Senhores passageiros, façam o favor de desapertar as braguilhas

É estranho dizer "braguilha".

OBS: Aos infames que não frequentam assiduamente o blog, leiam o post abaixo do J. M.. Este é como que uma resposta.

O meu amigo Johny defende que o Zé não deve ser convocado lascivamente. Sou exactamente da mesma opinião.

Mas o que é "convocar o Zé"?


Esta questão remete ao âmago da distinção entre amor e sexo. Fisicamente o fenómeno é extraordinariamente semelhante. Duas pessoas, uma em cima da outra (ou de lado ou em pé ou mesmo em máquinas construídas para o efeito, no caso do Japão) a... como porei isto mais eufemisticamente... pinar. A grande diferença é no que passa dentro da cabeça de cada pessoa:

Moçoilo #1: Oh Joana, quero acariciar cada curva do teu corpo, quero tocar a tua alma como nunca ninguém te tocou, quero levar-te ao céu!

Moçoila #1: Oh João, és a minha vida, quero que sejamos um, quero-te, quero este momento eterno, quero o teu sorriso!

Moçoilo #2: Ora vejamos, primeiro crio muitos aldeões para mobilizar uma força económica maior que detém consequentemente maior poder de manutenção de uma força militar superior. Ah, ainda cá estás! E eu a pensar no Age of Empires! Epah, és mesmo boa, as tuas ancas parece que foram moldadas para as minhas mãos! Onde é que eu ia, ah, convém evoluir a tecnologia mas manter uma força resident...

Moçoila #2: Devia ter comprado aquela camisola na Zara, amanhã vou lá e de certeza que já levaram todas, era mesmo gira... Ah, olá! Até que nem estás a fazer um mau trabalho, o outro da festa tinha aspecto meio subnutrido, boa escolha... se me arranjasses aquela da camisola da Zara até te dava um beijinho na cara. Devia ter comprado aquela camis...

Presumo que não tenho de associar cada pensamento. A grande diferença entre sexo e amor é a proximidade. Fazer amor é mais gratificante que sexo, costuma ser melhor já que a nossa parceira nos conhece (e como tal, se não for muito conservadora, até sabe agradar mais), mas sexo é sempre muito bom, pelo menos quando não se apanha nada ou não se deixa nada a mais que lá não estava antes.

Voltando ao "convocar o Zé". Estas três palavras não indicam mais do que a recrutação do nosso instinto menos racional. Porque tem que ter tudo significância? Encontrar uma senhora para ter uma relação a longo prazo é difícil... muito difícil! É preciso haver uma sintonia significante para suportar uma parceira depois do fogo inicial. Todas as mulheres são perfeitas no primeiro mês.

Apostar apenas em relações a longo prazo é como acertar numa flecha com outra. Eu tenho padrões relativamente altos, as moças que os superam são poucas. Dessas, menos serão as que se querem enrolar comigo. É muito mais provável conhecer uma que esteja à procura do mesmo que eu e passado umas semanas percebermos ambos que estávamos enganados. Há mal? Não, é simplesmente uma luta contra as probabilidades.

Portanto temos relações a longo prazo, relações a curto prazo ou "erros de casting". E o que fazer entretanto? Sexo!

Para uma relação superficial e descartável é somente necessário consenso. Se ambas as partes sabem que estão a "celebrar um contracto" em que não existe mais que um mutualismo de satisfação momentânea de impulsos físicos e psicológicos, que mal há? Há o problema de nascerem sentimentos, é sempre um problema de facto, no entanto não é preciso uma relação, apenas contacto para tal acontecer.

One night stand. Muito controverso, bom e mau. Um risco, um passatempo.
Quando penso em one night stands, os dois maiores medos são aqueles inerentes ao sexo com parceiros desconhecidos (doenças e bebés portanto) e o risco de trivializar o contacto com alguém que daria uma óptima namorada. Se me perguntarem, até digo que sim, aprovo o sexo descomprometido. Não sou adepto desse clube, mas quem sabe? Saí de um longo namoro, adorava encontrar alguém com quem partilhar a minha vida mas entretanto tenho a genitália a arder de saudades de utilização recreativa.

Agora, após explicitar sucintamente a minha posição pessoal e crenças acerca de sexo, respondo ao senhor João

1. O Zé não tem neurónios mas a outra cabeça possui vários sistemas que apelam à satisfação dos países baixos!

2. Lá porque as senhoras se põem a jeito, o José não tem que vir cá para fora! Nem temos que andar de montanha russa quando vamos ao parque de diversões! Está sempre ao critério do detentor da salada!

3. Para um homem com “fome”, qualquer posição ocupada por uma mulher tem uma sexualidade inerente. Claro que esta é mais óbvia em profissões em que elas tenham que dizer “posso ajudá-lo” com um sorriso na cara, que ostentem vestes curtas, ou mesmo cargos de liderança! Reunindo todas as cláusulas, 99,9% das profissões são escandalosamente sexuais.

4. A braguilha é a melhor amiga do homem, sendo o melhor amigo o preservativo!

5. Rebound girls não são pensos rápidos! Para quê fingir que se tem uma boa relação quando é preferível ter sexo sem relação nenhuma? E utilizando preservativo com uma moça desprovida de doenças venéreas também previne voltar a casa com culturas microbianas na nossa placa de petri holandesa!

6. Mulheres que são depósitos de esperma ambulantes? Não gosto muito, sou maior apreciador de ambientes menos populados. Mas da próxima vez que te encontreis com a mulher dos seus sonhos, perguntai-vos quantas flautas já tocou! Mulher santa só a Virgem Maria e é do que sabemos dela! Há que ter alguma flexibilidade porque no final de contas andamos todos a beber do copo dos outros!

Por menos sexualmente estimulante que seja, custa tanto perguntar “se meter isto naquilo vou apanhar alguma coisa que me aborreça”? Penso que não. E se algum dia me vir na posição de fazer esta pergunta a uma senhora cujo nome me vai ser desconhecido no dia seguinte, então tal farei! Podemos sempre contar com possível desonestidade mas também não sabemos se quando atravessarmos a passadeira o fiat punto plinfado vai travar. Não é por isso que vamos deixar de suprimir a nossa necessidade de atravessar a passadeira!

domingo, novembro 09, 2008

"Senhores passageiros, façam favor de apertar as braguilhas..."

(sim, fui ver ao dicionário, é braguilha! ok... talvez fosse apenas eu que não soubesse.)


Meus compadres, meus amigos, meus irmãos!
Eu venho com uma mensagem grande! Enorme! (ok... depende de homem para homem...)
Uma revelação que muitos de vós desconheciam!

Um pénis não pensa por si só!

Pronto, irmãos, controlai-vos, não vos exaltais, que vos irei explicar toda esta sabedoria milenar ignorada por inúmeros cidadãos de vários estratos sociais, uma tristeza esta ignorância! (ok... não é que as pessoas não conheçam já, mas pelos vistos é preciso um lembrete!)

1. Ele sente! Sim, ele tem sentimentos! e Sim! Ele age! (ok... muitas vezes não devia) Mas não! Ele não foi munido de conhecimento, pensamento ou memória! Deus deixou esses neurónios noutro sítio do corpo para alguma razão...

2. Lá porque as senhoras (damas, meninas da vida, fofas, babes, riscar o que não interessa) por vezes se põem a jeito, isso não quer dizer que o zézito tenha de ser levado à rua. o bicho tem direito a vir em ocasiões específicas e com controlo expresso do dono (preferencialmente com "açaime funcional" - é assim que está escrito nos painéis de informação do metro de Lisboa -, não queremos "prendas" inesperadas no terreno do vizinho...)

3. A condição de secretária, hospedeira de bordo, aluna, menina do gás ou nadadora-salvadora não traz associado consigo um letreiro a dizer "do me", ok? Elas não assinaram nenhum contrato de "no panties allowed" (pelo menos que eu saiba). Elas podem ter um namorado de 2 metros e mais 100 quilos que vocês... (ok... o tamanho das saias, o wonderbra - ou semelhantes -, o decote

4. A braguilha existe para fins específicos. No séc. XVIII (mais ou menos milénio, século ou eternidade), quando os soldados andavam no mato, em direcção à morte certa, tornava-se pouco prático baixar as calças e as ceroulas atrás do arbusto (nunca se sabe os perigos podem surgir enquanto um homem está calma e inadvertidamente a urinar em direcção a uma árvore). Assim sendo, surgiu um fecho pequenino à frente das calças , com vista a simplificar todo o processo. Assim, no caso da mãe Natureza chamar (ok, nem sempre....), o homem já não tem de ficar como veio ao mundo à frente do urinol! Agora, não precisa de ser usada na sala do consultório, no escritório e locais semelhantes!

5. Rebound girls não são pensos rápidos. Os pensos não deixam bactérias nem o resto da bicharada passar através deles.

6. E agora perguntais vós: e se surgir à nossa frente uma senhora que está mesmo a desejar tal contacto? Mas mesmo muito? Dever-se-á privar a senhora dessa necessidade? Certamente que não! Agora reflectis: antes mesmo de beijar a donzela em apuros, pensais vós no número de flautas que a senhora já tocou, nem que seja nos últimos 2 meses. Quereis continuar? Seriously?


Então força, pá, depois não digas que não te avisei quando sentires ardor ao urinar e tiveres o prepúcio todo em ferida, meu... KEEP YOUR PANTS ON (except on the right conditions... um homem continua a ser um homem!)

quinta-feira, novembro 06, 2008

Considerações várias sobre personagens-tipo animadas

A televisão é a inimiga da educação dos nossos filhos, todos sabemos disso. Permanentemente bombardeiam aquelas cabeças moldáveis com lixo nos momentos em que estamos ocupados a trabalhar ou laurear a pevide.

Tomemos por exemplo uma das mais pérfidas personagens que repetidamente destrói todas as oportunidades dos nossos rebentos um dia serem alguém.


Falo obviamente do Bob o Construtor. Eu sei que o Miguel Góis (do gato fedorento para aqueles que não são muito devotos à religião e por conseguinte desconhecem) disse bem do Bob, é claro que ele deve ter batido com a cabeça em algum lado. Eu sei que o Bob ajuda e constrói que é por um lado humano e por outro "coisa d'Omem". Mas o que ensina realmente esse sacana?

-Quem já viu o Bob a cobrar o que quer que seja pelos seus serviços? Estamos a ensinar o comunismo às criancinhas! A sra. Abecácia com 87 anos realmente gostava da sanita reparada mas porque governo stalinista não tem que pagar ao Bob? Ele está a proporcionar um serviço e como tal deve ser recompensado! E não me digam que ela vai pagar em favores sexuais que aquilo deve estar mais seco que um ovo estrelado com 3 dias! Se a mulher quer a sanita arranjada, ou paga ou ela que ponha Reumon nas artroses e acarte com a sanita nova para a casa de banho! E para que quer ela uma sanita, não é de plasticina a senhora?

-Bob, o construtor. Não é Bob, o humanitário, Bob, o gajo bué simpático, Bob, aquele que tem um rabo gordo e ainda por cima anda de jardineiras. Nome e profissão. Em primeiro lugar, a profissão de construção é tão honrosa como qualquer outra! Mas neste caso estamos a elitizar as pessoas que nos vão pagar a reforma! Qual é o último nome do Bob? Não sabemos pois os fascistas dos criadores de tão originalmente inocente criatura puseram-no a montar móveis do IKEA e nem se importaram de lho dar! Porque não lhe dão um número de série, é talvez ainda mais impessoal! Bob nº2568.

Vergonha na vossa cara, como se as pessoas devessem ser caracterizadas pela sua profissão em vez do seu carácter...

-Já é comunista e desprovido de dignidade. Mas também tem que ser de tal forma desonroso? Nunca vi o Bob a receber dinheiro, felizmente é de plasticina senão morria de fome. Mas e os materiais de construção? Onde vai ele buscar tudo aquilo? A resposta é óbvia: ROUBA. Felizmente as crianças ainda não atentaram nesta negra linha de pensamento. Mas e se perceberem que roubar está certo?

-Onde está a ambição? Ao menos o Noddy é um rapaz com uma vontade feroz! Daí ser "abram alas para o Noddy" e não "deixem passar o coitadinho do rapaz" ou "bora para outro sítio onde o Noddy não esteja". O Bob é um pau mandado e não faz por nada para subir na vida! O Bob podia juntar uns trocos (porque obviamente não faz nada com dinheiro portanto se cobrasse até resultava) e ir para a escolinha. Ao menos seria Bob o arquitecto, a desenhar as casas em materiais que não perdessem a cor quando apanham água...
Ou talvez Bob, o gigolo da plasticinolândia. De certeza que a senhora Abecácia lhe pagava por "tirar as teias de aranha".

-O Bob fala com máquinas de construção. Eu lembro-me de ter visto uma pessoa parecida... na ala de psiquiatria do Hospital... a sério, o que pensam que estão a ensinar às crianças?

Espero que se tenha agora tornado óbvio que os pais devem meter os filhos a ver a playboy. Ao menos vão aprendendo alguma coisa sobre a vida.

terça-feira, novembro 04, 2008

Bah

Estou deprimido. É um estado bastante comum em ocasiões momentâneas, após outro final de outra relação longa. Não existe razão para estar deprimido, simplesmente estou. Estou deitado metaforicamente, fraco, débil, atentando nas estrelas como se realmente ditassem um caminho ou a resposta às minhas questões. Mas elas só me sussurram, estou deitado. Elas sabem tanto quanto eu. Então porque olho para o céu se ele me nega? Como se ele pudesse fazer algo mais... como se eu pudesse fazer algo mais.

Tudo não passa de fisiologia, de bioquímica. Não é mais do que a saudade de sentir um amparo perpétuo. De conhecer o calor de outro corpo, por mais distante que esteja. Tenho saudades de uma relação que não existe há demasiado tempo e só agora prometeu extinguir-se por completo.

Mas é mais do que a saudade. Uma relação é uma casa. Os solteiros vivem na rua. Não ao frio, vivem somente ao capricho das ondas. Num mar de gente tão volátil quanto o álcool, sem um ponto constante, uma marca no mapa.

Os amigos ajudam-me. Mas a que ponto sou ajudável? Como se trata de um coração são? Não é ele nem a minha alma que jazem partidos no solo. É o meu estilo de vida que se reduziu a uma recordação. E não há amigos que me talhem os neurónios. Só o tempo os esculpe, o tempo e o espírito.

Quero estar bem! Deixa-me ser feliz! Cala essas incessantes palavras de dúvida, raiva e desespero! Apaga o vazio, deixa-me reaprender a conhecer-me. Porque és assim? Porque insistes em toldar a minha sapiência, cegar-me com lógicas irracionais e sentimentos apáticos? Deixa-me ver! Olhar para fora, só há nuvens no céu mas nem essas fito através do teu nevoeiro. Quero ver o sol nos rostos, não mais...

Deixa-me em paz. Liberta-me noite, liberta-me eu, liberta-me Deus. Quem quer que me prende, liberte-me por favor.

segunda-feira, novembro 03, 2008

"Encontra a tua turma"

Era o que a minha mãezinha já dizia. Não, engane-se o leitor ao penar que a expressão correcta seria "no meu tempo não havia nada disto..." ou semelhantes; a minha mãe, com a minha idade, ouvia rádios pirata às escondidas da PIDE, tinha um pen friend americano na década de 70 e andava a baralhar sinais de trânsito com os amigos... e agora, no século XXI (o século a seguir àqueles em que quase tudo já aconteceu, excepto a eleição de um presidente americano negro) , ela diz-me esta frase.
Numa série americana estamos habituados a ver os mesmos pals a enfrentar as situações em conjunto, season after season. Aliás, um dos meus sonhos até há pouco tempo era de me juntar com amigos, e vivermos próximos uns dos outros e de um café. Até que Friends acabou, e apesar de ser óptimo ver o Joey despachado para longe de Nova Iorque (ver o spin-off Joey e chorar por alguma vez tê-lo feito), percebe-se que este ideal é até certo ponto irrealizável. Amigos não são para sempre (salvo poucas excepções, e mesmo esses - admitam lá! - já não é bem a mesma coisa ao fim de algum tempo...); são para a altura (o aqui e o agora) que nos encontramos. Certas pessoas noutros contextos são... desconhecidos.

"Encontra a tua turma". Em que sentido? Com quem? Aqueles que estão prontos para ir fazer porcaria para os bares até às tantas da manhã? Ou para ir à missa ao Domingo? Eu tenho pessoas para cada caso. Serão eles a minha turma? Ou são turmas diferentes, e como que estivesse a tirar diferentes cadeiras, cada uma distinta?
Se calhar deveria procurar pessoas que fizessem quase tudo como eu, Já tive dessas, mas mesmo essas foram desaparecendo (que aconteceu?). Entretanto vão aparecendo novas.
Contudo, após saber como correram as primeiras experiências, será que me vou "entregar" da mesma forma nestas novas? Não sei. Muita gente me desapontou até hoje. Eu sou um desaponto para ainda mais, possivelmente.

Actualmente penso que talvez não exista alguém que vá percorrer o caminho, "the long run", comigo. Agora isso não quer dizer que não vá conhecer pessoas durante a viagem. Acredito que se disser um pequeno segredo meu a cada uma delas, quando eu morrer elas se juntarão e montarão as peças, e então aí se formará a minha turma, a personagem que compreende quem fui eu. Ainda falta tempo para tal (além disso preciso de arranjar segredos para toda a gente), até lá vou procurando os meus bro's e permanecer perto deles